Essa receita de sabão é de alta qualidade, livre de química nociva e
mais amigável ao meio ambiente.
Você já deve saber que o óleo de cozinha
usado não pode ser despejado na pia (causa entupimento) e nem
descartado de forma incorreta.
É bem provável que alguém já tenha te contado alguma história sobre a
possibilidade de fazer sabão com óleo usado, mas você já tentou realizar
a experiência?
Existem inúmeras receitas de sabão caseiro espalhadas pela internet, mas estudos realizados comprovaram que a maioria utiliza soda cáustica em excesso e isso é extremamente perigoso devido a alguns motivos:
•
A substância é prejudicial à saúde devido às suas propriedades
corrosivas e desidratantes, sendo muito agressiva à pele, que fica
ressecada, pode apresentar rachaduras e até hipersensibilidade e
inflamações;
• Ela prejudica também o meio ambiente, pois aumenta muito o pH do
esgoto doméstico que, dependendo da sua destinação, vai desequilibrar o
pH dos rios e lagos, interferindo em todo o ecossistema;
• O excesso de soda pode destruir os tecidos e roupas durante a lavagem, diminuindo sua vida útil;
Mas se a soda é tão nociva, por que a utilizamos no processo de produção do sabão caseiro?
O caráter prejudicial da soda cáustica está no contato com a pele e
olhos, e no uso ou descarte direto no meio ambiente ou esgoto. Porém, ao
utilizá-la para fazer o sabão, sua reação com o óleo de cozinha vai
transformar esses dois ingredientes em outros produtos, que são o
próprio sabão e a glicerina. Se você tiver o cuidado de usar as
quantidades necessárias descritas na receita a seguir, não haverá
excesso de nenhum ingrediente no produto final. Dessa forma, a receita
de sabão produzirá o menor impacto ambiental possível, porque embora o
sabão seja biodegradável, ou seja, é decomposto por micro-organismos
presentes na natureza, não significa que não tenha impacto ambiental, e o
que buscamos aqui é ter uma pegada mais leve, com o menor impacto
possível ao meio ambiente, já que precisamos do sabão para as nossas
necessidades diárias de limpeza.
A equipe eCycle
pesquisou e testou algumas receitas, tomando todo o cuidado para chegar
numa fórmula final que contivesse somente as quantidades estritamente
necessárias de cada componente. Assim, seria possível atingir um produto
final com boa qualidade e com o pH mais próximo possível da
neutralidade. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que o pH máximo dos sabões deve ser até 11,5, mas muitas das receitas estudadas apresentaram pH bem superior a esse.
A
fórmula apresentada abaixo foi a que apresentou melhor resultado. É
extremamente importante usar as proporções descritas a seguir.
Para você
fazer o seu próprio sabão em barra, os ingredientes e os materiais
necessários são:
Ingredientes
- 1 quilo de óleo de cozinha usado;
- 140 mililitros de água;
- 135 gramas de soda cáustica em escamas (concentração superior a 95%);
- 25 mililitros de álcool (opcional).
Extras (opcionais)
- 30 gramas de aromatizantes (preferencialmente óleos essenciais sem parabenos e ftalatos na composição).
- 10 gramas de conservante alecrim em pó .
Materiais
- Recipientes para o molde do sabão (formas específicas, bandejas de plástico ou embalagens longa vida);
- 1 colher de pau;
- 1 par de luvas para lavar louças;
- 1 máscara descartável;
- óculos de proteção;
- 1 balde grande;
- 1 recipiente pequeno
Modo de preparo
Em primeiro lugar, coloque os óculos de proteção, as luvas e a máscara. A soda cáustica é altamente corrosiva e deve ser manuseada com muito cuidado.
Vamos ao passo-a-passo:
1. Esquente
a água até que ela fique morna (em torno de 40°C). Feito isso,
despeje-a em no recipiente pequeno e coloque a soda cáustica lentamente e
em pequenas porções no mesmo recipiente, misturando sempre a cada
adição. Nunca adicione água fria sobre a soda! A ordem dos ingredientes
também deve ser respeitada: colocar soda sobre a água, e nunca a água
sobre a soda - isso provocar uma reação forte e causar acidentes. É
muito importante utilizar um balde ou recipiente plástico de material
grosso e resistente, e nunca utilizar garrafas PET para fazer a diluição
da soda, pois elas não suportam a temperatura que a reação atinge,
podendo romper e vazar esse material extremamente corrosivo.
Mexa com a colher de pau até diluir completamente a soda, de modo que não haja mais escamas.
Atenção:
não utilize recipientes de alumínio descartável em conjunto com a soda
cáustica e certifique-se de que eles sejam suficientemente altos, pois
essa dissolução pode efervescer e causar espuma.
2. Depois
de retirar as impurezas do óleo (é possível fazer isso com uma
peneira), esquente-o um pouco (a uma temperatura de 40°C) e adicione-o
ao balde que será utilizado para colocar todos os demais ingredientes.
Em seguida, insira a soda bem lentamente, em pequenas porções e
misturando continuamente. Esse cuidado aumenta a sua segurança, pois a
reação com a soda cáustica libera muito calor, além de produzir um sabão
de boa qualidade - se você colocar a soda de uma única vez ou muito
rápido sem a agitação adequada, o sabão pode empelotar e ficará difícil
reverter isso.
3. Misture
somente o óleo e a soda por cerca de 20 minutos. A consistência final
ideal deve ser parecida com a do leite condensado. É necessário
respeitar esse tempo de mistura para que haja a reação entre óleo e a
soda.
4. Após
esse tempo de mistura, tem início o momento ideal para adicionar os
demais ingredientes. Coloque o aromatizante e conservante (caso queira).
Misture bem até que esses ingredientes se incorporem plemamente à
mistura.
5. Caso
a massa final de sabão esteja muito líquida, insira o álcool lentamente
e mexa bem por dez minutos para que a mistura não empelote. Nessa
etapa, a massa de sabão ganhará consistência rapidamente. É recomendável
que a forma em que será colocado sabão já esteja preparada e próxima.
A sua “gororoba” vai ficar desse jeito:
Agora é só despejar na bandeja de plástico...
...e aguardar dois dias, que ela ficará assim:
Pronto! Agora é só cortar e você terá pedaços de sabão para usar no
seu dia a dia. Recomenda-se, ainda, deixar em processo de cura por mais
15 dias, de preferência em um recipiente opaco, que fique num lugar
fresco e sob abrigo do Sol. Esse processo visa garantir a reação
completa da soda cáustica, além de permitir ao sabão perder a umidade
excessiva. Esse tempo poderá variar de acordo com as condições
climáticas locais. Exemplo: se o clima estiver mais chuvoso, pode ser
que sejam necessários mais dias; ocorre o contrário caso o tempo esteja
mais seco.
Finalizado o processo de cura, é possível medir o pH do sabão.
Utilize um papel tornassol, ou ainda, faça você mesmo um medidor de pH
caseiro .
Entenda mais sobre os ingredientes da fórmula
• Soda cáustica
Na fabricação do sabão, há uma preocupação acerca da soda cáustica,
pois ela é muito corrosiva e teme-se que ela possa ser prejudicial à
saúde e ao meio ambiente. Realmente seu uso requer muita atenção e
alguns cuidados, já que seu contato com pele e mucosas (inalação) pode
causar queimaduras. Caso algum acidente ocorra, é importante lavar a
região com água corrente fria por 15 minutos.
Após a reação de saponificação com os óleos, durante o chamado tempo
de cura, a soda vai perdendo a alcalinidade, ou seja, seu pH vai
baixando, pois os álcalis reagem com os óleos e se transformam no sabão .
Portanto é preciso ficar atento e utilizar exatamente as quantidades
recomendadas de soda para que a substância não sobre na mistura e falte
óleo para ela reagir, deixando o seu produto final excessivamente
alcalino. Isso pode torná-lo mais agressivo às suas mãos, além de
modificar o pH do esgoto, que pode ser prejudicial ao meio ambiente,
como já dito anteriormente.
Em muitos relatos de receitas que usam excesso de soda na fabricação
do sabão, percebe-se que, com o passar dos dias, o sabão vai
branqueando. Isso se deve ao acúmulo da soda que não reagiu e que, ao
reagir com o ar, forma carbonato de sódio, que é branco, e pode causar desidratação e reações alérgicas em contato com a pele.
Por isso, muitas pessoas reclamam do sabão caseiro dizendo que é
agressivo à pele. Mas, como visto, o problema não está no sabão, e sim
na quantidade de soda usada.
Um clareamento gradual da massa de sabão durante o processo de cura é
normal, mas sua cor final não será branca. E lembre-se, esta receita de
sabão não deve ser utilizada para fins cosméticos. Para limpeza geral, é recomendado o uso de luvas devido à sua alcalinidade intrínseca.
• Álcool
A sua adição ocorre porque a solubilização do óleo é melhor no álcool
do que em água e assim o endurecimento do sabão se torna mais rápido.
Esse ingrediente pode ser dispensável caso você note que, ao fim dos 20
minutos de agitação, a massa de sabão já tem uma consistência adequada
para ser colocada na forma.
• Conservantes
Existem dois problemas a serem considerados na deterioração de óleos e
gorduras: a rancificação e a contaminação por bactérias e outros
micro-organismos.
Os óleos, em geral, sofrem de um problema que se chama rancificação,
que é a deterioração da gordura, evidenciada pelo seu cheiro
característico de óleo/gordura estragado. Esse problema aumenta com o
tempo de estocagem, da presença de luz e pelo seu contato com o ar, mais
especificamente com o oxigênio, que causa a auto-oxidação das gorduras,
responsável por esses defeitos.
Para minimizar esse problema você pode:
-Fazer seu sabão em
pequenas quantidades. Produtos naturais feitos em casa não terão a mesma
durabilidade dos comercializados pela indústria. Armazená-lo em longos
períodos aumentará as chances de problemas como os citados ocorrerem.
-Armazenar seu sabão em embalagens a vácuo ou em potes hermeticamente fechados. Isso diminui a exposição do produto ao oxigênio;
-Armazenar em recipientes escuros ou em embalagens opacas para mantê-los longe dos efeitos nocivos dos raios solares;
-Armazenar na geladeira, diminuindo a velocidade de deterioração;
-Adicionar conservantes naturais ao seu sabão, tais como o pó de alecrim (caso queira, você pode fazer misturar pó de alecrim na água de diluição da soda para que haja efeito conservante. Mas é preciso verificar se o volume final vai ser de 140 ml mesmo, já que a água evapora no preparo).
• Corantes e essências
A adição de corantes e essências depende do seu uso
- Corantes
- A adição de corantes é não é primordial, já que não traz nenhum benefício para a performance do produto. Trata-se de uma questão estética;
- Caso você realmente deseje adicionar cor ao seu sabão, prefira os corantes naturais.
- Os corantes alimentícios não são uma boa opção, mesmo os naturais, já que não possuem uma boa estabilidade no meio alcalino do sabão, e portanto a cor final não será a mesma da desejada;
- As argilas são uma ótima opção para colorir os sabões, proporcionando uma cor opaca e permanente, com a opção de grande variedade, além de serem naturais.
- Se for usar o sabão para lavar roupas, não adicione os corantes, pois podem manchar as peças brancas.
2. Aromatizantes
- Seu uso é oportuno para neutralizar o cheiro do óleo já usado;
- Evitar o uso de essências sintéticas que contém parabenos e ftalatos, prejudiciais à saúde e ao meio ambiente;
- Uma alternativa é o uso de fragrâncias isentas de ftalatos.
- Pode-se também usar as essências aromáticas na água de diluição da soda, lembrando sempre de respeitar a quantidade indicada de 135 mL. Porém, elas não produzirão aroma intenso, seu efeito é mais para neutralizar o cheiro característico do óleo de cozinha.
- Uma outra opção é a adição do amaciante de roupas, porém fará com que seu sabão perca sustentabilidade;
- Para lavar pratos, não são necessários os aromatizantes;
- Uma boa opção é fazer uso do pó alecrim - além de aromatiza, ele possui ação conservante sobre o sabão.
Obs: a exemplo de todo e qualquer produto de limpeza, mantenha fora do alcance de crianças.
Todas as informações foram retiradas do site ecYcle
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