domingo, 10 de julho de 2016

Aprenda a fazer sabão com óleo de cozinha usado

Essa receita de sabão é de alta qualidade, livre de química nociva e mais amigável ao meio ambiente. 

Você já deve saber que o óleo de cozinha usado não pode ser despejado na pia (causa entupimento) e nem descartado de forma incorreta. É bem provável que alguém já tenha te contado alguma história sobre a possibilidade de fazer sabão com óleo usado, mas você já tentou realizar a experiência?

Existem inúmeras receitas de sabão caseiro espalhadas pela internet, mas estudos realizados comprovaram que a maioria utiliza soda cáustica em excesso e isso é extremamente perigoso devido a alguns motivos:

• A substância é prejudicial à saúde devido às suas propriedades corrosivas e desidratantes, sendo muito agressiva à pele, que fica ressecada, pode apresentar rachaduras e até hipersensibilidade e inflamações;

• Ela prejudica também o meio ambiente, pois aumenta muito o pH do esgoto doméstico que, dependendo da sua destinação, vai desequilibrar o pH dos rios e lagos, interferindo em todo o ecossistema;

• O excesso de soda pode destruir os tecidos e roupas durante a lavagem, diminuindo sua vida útil;

Mas se a soda é tão nociva, por que a utilizamos no processo de produção do sabão caseiro?

O caráter prejudicial da soda cáustica está no contato com a pele e olhos, e no uso ou descarte direto no meio ambiente ou esgoto. Porém, ao utilizá-la para fazer o sabão, sua reação com o óleo de cozinha vai transformar esses dois ingredientes em outros produtos, que são o próprio sabão e a glicerina. Se você tiver o cuidado de usar as quantidades necessárias descritas na receita a seguir, não haverá excesso de nenhum ingrediente no produto final. Dessa forma, a receita de sabão produzirá o menor impacto ambiental possível, porque embora o sabão seja biodegradável, ou seja, é decomposto por micro-organismos presentes na natureza, não significa que não tenha impacto ambiental, e o que buscamos aqui é ter uma pegada mais leve, com o menor impacto possível ao meio ambiente, já que precisamos do sabão para as nossas necessidades diárias de limpeza.

A equipe eCycle pesquisou e testou algumas receitas, tomando todo o cuidado para chegar numa fórmula final que contivesse somente as quantidades estritamente necessárias de cada componente. Assim, seria possível atingir um produto final com boa qualidade e com o pH mais próximo possível da neutralidade. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que o pH máximo dos sabões deve ser até 11,5, mas muitas das receitas estudadas apresentaram pH bem superior a esse.
A fórmula apresentada abaixo foi a que apresentou melhor resultado. É extremamente importante usar as proporções descritas a seguir. 

Para você fazer o seu próprio sabão em barra, os ingredientes e os materiais necessários são:

Ingredientes

  • 1 quilo de óleo de cozinha usado;
  • 140 mililitros de água;
  • 135 gramas de soda cáustica em escamas (concentração superior a 95%);
  • 25 mililitros de álcool (opcional).

Extras (opcionais)

  • 30 gramas de aromatizantes (preferencialmente óleos essenciais sem parabenos e ftalatos na composição).
  • 10 gramas de conservante alecrim em pó .

Materiais

  • Recipientes para o molde do sabão (formas específicas, bandejas de plástico ou embalagens longa vida);
  • 1 colher de pau;
  • 1 par de luvas para lavar louças;
  • 1 máscara descartável;
  • óculos de proteção;
  • 1 balde grande;
  • 1 recipiente pequeno 

Modo de preparo

Em primeiro lugar, coloque os óculos de proteção, as luvas e a máscara. A soda cáustica é altamente corrosiva e deve ser manuseada com muito cuidado. 

Vamos ao passo-a-passo:

1. Esquente a água até que ela fique morna (em torno de 40°C). Feito isso, despeje-a em no recipiente pequeno e coloque a soda cáustica lentamente e em pequenas porções no mesmo recipiente, misturando sempre a cada adição. Nunca adicione água fria sobre a soda! A ordem dos ingredientes também deve ser respeitada: colocar soda sobre a água, e nunca a água sobre a soda - isso provocar uma reação forte e causar acidentes. É muito importante utilizar um balde ou recipiente plástico de material grosso e resistente, e nunca utilizar garrafas PET para fazer a diluição da soda, pois elas não suportam a temperatura que a reação atinge, podendo romper e vazar esse material extremamente corrosivo.

Mexa com a colher de pau até diluir completamente a soda, de modo que não haja mais escamas. 

Atenção: não utilize recipientes de alumínio descartável em conjunto com a soda cáustica e certifique-se de que eles sejam suficientemente altos, pois essa dissolução pode efervescer e causar espuma.

2. Depois de retirar as impurezas do óleo (é possível fazer isso com uma peneira), esquente-o um pouco (a uma temperatura de 40°C) e adicione-o ao balde que será utilizado para colocar todos os demais ingredientes. Em seguida, insira a soda bem lentamente, em pequenas porções e misturando continuamente. Esse cuidado aumenta a sua segurança, pois a reação com a soda cáustica libera muito calor, além de produzir um sabão de boa qualidade - se você colocar a soda de uma única vez ou muito rápido sem a agitação adequada, o sabão pode empelotar e ficará difícil reverter isso. 
3. Misture somente o óleo e a soda por cerca de 20 minutos. A consistência final ideal deve ser parecida com a do leite condensado. É necessário respeitar esse tempo de mistura para que haja a reação entre óleo e a soda.
4. Após esse tempo de mistura, tem início o momento ideal para adicionar os demais ingredientes. Coloque o aromatizante e conservante (caso queira). Misture bem até que esses ingredientes se incorporem plemamente à mistura. 
5. Caso a massa final de sabão esteja muito líquida, insira o álcool lentamente e mexa bem por dez minutos para que a mistura não empelote. Nessa etapa, a massa de sabão ganhará consistência rapidamente. É recomendável que a forma em que será colocado sabão já esteja preparada e próxima. 

A sua “gororoba” vai ficar desse jeito: 











 
Agora é só despejar na bandeja de plástico...

...e aguardar dois dias, que ela ficará assim: 


Pronto! Agora é só cortar e você terá pedaços de sabão para usar no seu dia a dia. Recomenda-se, ainda, deixar em processo de cura por mais 15 dias, de preferência em um recipiente opaco, que fique num lugar fresco e sob abrigo do Sol. Esse processo visa garantir a reação completa da soda cáustica, além de permitir ao sabão perder a umidade excessiva. Esse tempo poderá variar de acordo com as condições climáticas locais. Exemplo: se o clima estiver mais chuvoso, pode ser que sejam necessários mais dias; ocorre o contrário caso o tempo esteja mais seco.
Finalizado o processo de cura, é possível medir o pH do sabão. Utilize um papel tornassol, ou ainda, faça você mesmo um medidor de pH caseiro .

Entenda mais sobre os ingredientes da fórmula

• Soda cáustica

Na fabricação do sabão, há uma preocupação acerca da soda cáustica, pois ela é muito corrosiva e teme-se que ela possa ser prejudicial à saúde e ao meio ambiente. Realmente seu uso requer muita atenção e alguns cuidados, já que seu contato com pele e mucosas (inalação) pode causar queimaduras. Caso algum acidente ocorra, é importante lavar a região com água corrente fria por 15 minutos.

Após a reação de saponificação com os óleos, durante o chamado tempo de cura, a soda vai perdendo a alcalinidade, ou seja, seu pH vai baixando, pois os álcalis reagem com os óleos e se transformam no sabão . Portanto é preciso ficar atento e utilizar exatamente as quantidades recomendadas de soda para que a substância não sobre na mistura e falte óleo para ela reagir, deixando o seu produto final excessivamente alcalino. Isso pode torná-lo mais agressivo às suas mãos, além de modificar o pH do esgoto, que pode ser prejudicial ao meio ambiente, como já dito anteriormente.

Em muitos relatos de receitas que usam excesso de soda na fabricação do sabão, percebe-se que, com o passar dos dias, o sabão vai branqueando. Isso se deve ao acúmulo da soda que não reagiu e que, ao reagir com o ar, forma carbonato de sódio, que é branco, e pode causar desidratação e reações alérgicas em contato com a pele. Por isso, muitas pessoas reclamam do sabão caseiro dizendo que é agressivo à pele. Mas, como visto, o problema não está no sabão, e sim na quantidade de soda usada.

Um clareamento gradual da massa de sabão durante o processo de cura é normal, mas sua cor final não será branca. E lembre-se, esta receita de sabão não deve ser utilizada para fins cosméticos. Para limpeza geral, é recomendado o uso de luvas devido à sua alcalinidade intrínseca.

• Álcool

A sua adição ocorre porque a solubilização do óleo é melhor no álcool do que em água e assim o endurecimento do sabão se torna mais rápido. Esse ingrediente pode ser dispensável caso você note que, ao fim dos 20 minutos de agitação, a massa de sabão já tem uma consistência adequada para ser colocada na forma.

• Conservantes

Existem dois problemas a serem considerados na deterioração de óleos e gorduras: a rancificação e a contaminação por bactérias e outros micro-organismos.

Os óleos, em geral, sofrem de um problema que se chama rancificação, que é a deterioração da gordura, evidenciada pelo seu cheiro característico de óleo/gordura estragado. Esse problema aumenta com o tempo de estocagem, da presença de luz e pelo seu contato com o ar, mais especificamente com o oxigênio, que causa a auto-oxidação das gorduras, responsável por esses defeitos.

Para minimizar esse problema você pode:

-Fazer seu sabão em pequenas quantidades. Produtos naturais feitos em casa não terão a mesma durabilidade dos comercializados pela indústria.  Armazená-lo em longos períodos aumentará as chances de problemas como os citados ocorrerem.

-Armazenar seu sabão em embalagens a vácuo ou em potes hermeticamente fechados. Isso diminui a exposição do produto ao oxigênio;

-Armazenar em recipientes escuros ou em embalagens opacas para mantê-los longe dos efeitos nocivos dos raios solares;

-Armazenar na geladeira, diminuindo a velocidade de deterioração;

-Adicionar conservantes naturais ao seu sabão, tais como o pó de alecrim (caso queira, você pode fazer misturar pó de alecrim na água de diluição da soda para que haja efeito conservante. Mas é preciso verificar se o volume final vai ser de 140 ml mesmo, já que a água evapora no preparo).

• Corantes e essências

A adição de corantes e essências depende do seu uso
  1. Corantes
  • A adição de corantes é não é primordial, já que não traz nenhum benefício para a performance do produto. Trata-se de uma questão estética;
  • Caso você realmente deseje adicionar cor ao seu sabão, prefira os corantes naturais.
  • Os corantes alimentícios não são uma boa opção, mesmo os naturais, já que não possuem uma boa estabilidade no meio alcalino do sabão, e portanto a cor final não será a mesma da desejada;
  • As argilas são uma ótima opção para colorir os sabões, proporcionando uma cor opaca e permanente, com a opção de grande variedade, além de serem naturais. 
  • Se for usar o sabão para lavar roupas, não adicione os corantes, pois podem manchar as peças brancas.
2. Aromatizantes
  • Seu uso é oportuno para neutralizar o cheiro do óleo já usado;
  • Evitar o uso de essências sintéticas que contém parabenos e ftalatos, prejudiciais à saúde e ao meio ambiente;
  • Uma alternativa é o uso de fragrâncias isentas de ftalatos. 
  • Pode-se também usar as essências aromáticas na água de diluição da soda, lembrando sempre de respeitar a quantidade indicada de 135 mL. Porém, elas não produzirão aroma intenso, seu efeito é mais para neutralizar o cheiro característico do óleo de cozinha. 
  • Uma outra opção é a adição do amaciante de roupas, porém fará com que seu sabão perca sustentabilidade;
  • Para lavar pratos, não são necessários os aromatizantes;
  • Uma boa opção é fazer uso do pó alecrim - além de aromatiza, ele possui ação conservante sobre o sabão.
Obs: a exemplo de todo e qualquer produto de limpeza, mantenha fora do alcance de crianças.




Todas as informações foram retiradas do site ecYcle

Nenhum comentário:

Postar um comentário