terça-feira, 25 de março de 2014

Reciclagem do Vidro de Lâmpadas Fluorescentes


Comparadas às lâmpadas incandescentes, mais comuns, as fluorescentes são vantajosas, pois gastam muito menos energia. Entretanto, ao final de sua vida útil, trazem um problema: o que fazer com elas? Essas lâmpadas contêm mercúrio, que pode contaminar o solo, se elas forem jogadas em lixões e aterros sanitários, exigindo custosas ações de despoluição. A composição química também dificultava o reaproveitamento do vidro usado nelas. Agora, uma pesquisa feita na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) mostra que esse resíduo pode ser útil na fabricação de cerâmicas vermelhas.


Por meio da leitura de artigos técnico-científicos internacionais e participações em congressos, o engenheiro mecânico Carlos Maurício Fontes Vieira, do Laboratório de Materiais Avançados da Uenf, já havia identificado o potencial de resíduos de vidro para a fabricação de materiais cerâmicos.

Então, há cerca de quatro anos, quando soube que uma empresa do Rio de Janeiro coletava lâmpadas fluorescentes para descontaminação, mas não tinha o que fazercom os restos após o processo, viu a possibilidade de tornar realidade a ideia de transformar pó de vidro em telhas. A pesquisa foi desenvolvida em seu doutorado noPrograma de Engenharia e Ciência dos Materiais da Uenf.

As telhas fabricadas com o vidro descontaminado foram aprovadas em testes feitos na Uenf. O material é enviado à universidade pelo Instituto para o Desenvolvimento Ambiental e Tecnológico (conhecido como Idea Cíclica), que coleta as lâmpadas em diversos órgãos municipais do Rio de Janeiro, mói e descontamina o vidro. No laboratório da universidade, o vidro é submetido a um novo trituramento, para obter partículas menores. Quanto menor for a partícula, maior qualidade terá a telha. 

Vantagens

A adição do vidro triturado ao barro usado para fazer as telhas ajuda a reduzir a plasticidade da argila. Isso significa que a quantidade de água usada para a conformação da peça será menor, o que reduz a possibilidade de haver problemas dimensionais (pequenas diferenças de tamanho) e trincas.

Além disso, segundo Vieira, a presença do vidro na cerâmica melhora a qualidade das telhas. “Acima de 850 ºC, o vidro derrete e forma um fluxo viscoso, que preenche os poros da cerâmica, reduzindo sua porosidade e aumentando sua resistência”, explica.

Projeções para o mercado

A mistura de barro e vidro, nas telhas, apresenta muitos benefícios. Enquanto a transformação dos restos de vidro em matéria-prima ajuda a preservar o ambiente, as telhas produzidas dessa forma mostram alta qualidade, além de custo competitivo em relação a outras telhas de qualidade semelhante fabricadas de maneira convencional. A nova ‘telha com vidro’, portanto, é candidata a se tornar uma ótima opção para o mercado da construção.

Entretanto, isso ainda deve demorar um pouco para acontecer. Vieira conta que as telhas com o resíduo de vidro de lâmpadas fluorescentes ainda não estão sendo comercializadas, pois é necessário um entendimento entre a indústria cerâmica e o fornecedor do resíduo. “Existem questões a serem resolvidas, como, por exemplo, o custo do resíduo, o transporte e a moagem.”



Fonte:Ciência Hoje