Quando o assunto é aquecimento global, nos países em desenvolvimento, o desmatamento é o principal responsável pela emissão de gases que provocam efeito estufa. No Brasil, 75% das emissões de CO2 são originárias da destruição de florestas. Assim, é necessário pensar em como impedir o desmatamento, gerado, entre outros fatores, pela extração da madeira. Além de contribuir para o aquecimento global, o desmatamento representa a perda sistemática de diversas espécies vegetais e animais, e causa erosão do solo, degradação de áreas de bacias hidrográficas e profundas alterações nos ecossistemas sem que haja nenhuma garantia de preservá-los ou reproduzi-los. Em geral, ainda não há a prática de cobrar dos comerciantes e fabricantes informações sobre a origem da madeira. Isso quer dizer que há formas de manejo sustentável, ou seja, de extrair madeira da Natureza, garantir a reposição e não destruir os ecossistemas. O Forest Stewardhip Council (FSC) é uma organização não-governamental que criou um selo para identificar a madeira originária de processos de extração sustentável. Esse selo é resultado de consulta a organismos de defesa do meio ambiente, tribos indígenas e comerciantes. Os produtores certificados têm de atender a uma série de requisitos, como estabelecimento de regras de controle e impacto ambiental, conservação das florestas e regras de plantio, além de respeito aos direitos dos povos indígenas. A questão é como nos sensibilizarmos para a cobrança desses padrões, aceitos internacionalmente. No caso brasileiro, como dissemos acima, o preço ainda pesa como fator preponderante para a decisão de consumo; e móveis feitos de madeira certificada são mais caros.
Alguns pesquisadores defendem que a redução no consumo de carne é também um bom modo de preservar as florestas. A extensão das áreas para a agropecuária é uma das motivações para desmatar, processo que se acelerou nos anos 90, segundo estudo do Banco Mundial. No Brasil, essas áreas são ocupadas por plantação de soja, que acaba em parte se transformando em ração de animais. Além disso, a produção de cada quilo de carne bovina exige cerca de 20 mil litros de água. A opção são os alimentos orgânicos, inclusive carne de vaca e de frango, que seguem regras de preservação ambiental em sua produção. Este tipo de ação pode, teoricamente, estimular empresas a adotar medidas de controle da origem dos alimentos. Recentemente, indústrias européias do setor de alimentos e a rede de lanchonetes McDonald´s se comprometeram a deixar de comprar soja brasileira produzida em áreas desmatadas da floresta amazônica
Mudanças nos hábitos alimentares como o consumo de alimentos orgânicos são um caminho interessante, mas não exclusivo. Na hora de comprar, o melhor é optar por alimentos produzidos na região e por frutas da estação, para reduzir a necessidade de transporte em longas distâncias, diminuindo o consumo de combustível.
(Fernando Pachi)
Fonte:Scientific American Brasil
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